Epopeia
Pouco ou nada há para dizer, a não ser que o silêncio-lãmina
corta a memória em mil bocados e espalha-a nas
ruas que acompanham a orla do pensamento permanente
de uma cadeira que é o meu corpo.Tudo é tão simples
para um assassino de mortos. Na alvorada das flores
há um tempo que não esquece o seu espaço, não esquece
que há pedras ardentes dentro das tardes cinzentas de outono,
não esquece por exemplo que o mar gorgoleja o fel
e expulsa os diabos do seu corpo azul. Não esquece
que há um tempo em que todas as facas cortam as pontas
para alcançar o dia dentro do teu corpo. Não me façam acreditar
nos rasgos dos campos onde crescem luas de prata, não me digam
que lá fermenta a juventude dos dias, a eternidade de um sorriso.
Não me digam, ainda, por exemplo, que o chão se abriu para que nele
entrem primaveras e assim cresçam raizes minúsculas de sois nos campos
dourados do oeste.Mentiras. há raizes minúsculas de sois a nascer,
mas no homemque carrega a sua cruz contra o leito dos rios.
No homem de lingua acesa contra a água de palavras obtusas.
Chegará um dia em que o homem se levantará contra o tempo
e vencerá , perecendo com o mundo lavrado nas suas pupilas.
corta a memória em mil bocados e espalha-a nas
ruas que acompanham a orla do pensamento permanente
de uma cadeira que é o meu corpo.Tudo é tão simples
para um assassino de mortos. Na alvorada das flores
há um tempo que não esquece o seu espaço, não esquece
que há pedras ardentes dentro das tardes cinzentas de outono,
não esquece por exemplo que o mar gorgoleja o fel
e expulsa os diabos do seu corpo azul. Não esquece
que há um tempo em que todas as facas cortam as pontas
para alcançar o dia dentro do teu corpo. Não me façam acreditar
nos rasgos dos campos onde crescem luas de prata, não me digam
que lá fermenta a juventude dos dias, a eternidade de um sorriso.
Não me digam, ainda, por exemplo, que o chão se abriu para que nele
entrem primaveras e assim cresçam raizes minúsculas de sois nos campos
dourados do oeste.Mentiras. há raizes minúsculas de sois a nascer,
mas no homemque carrega a sua cruz contra o leito dos rios.
No homem de lingua acesa contra a água de palavras obtusas.
Chegará um dia em que o homem se levantará contra o tempo
e vencerá , perecendo com o mundo lavrado nas suas pupilas.
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